Use TXT puro cara!

Aos meus 12 anos, quando eu dava meus primeiros passos na informática e gravava meus primeiros programas em fita cassete, eu achava que trabalhar com informática seria algo glorioso. Nós eliminariamos o trabalho repetitivo das pessoas automatizando tarefas chatas e tediosas. Afinal, não é para isso que serve o computador: realizar rapidamente tarefas repetitivas!

Pois é, mas a gente enfim resolve trabalhar na área e descobre algo terrível, as pessoas não ajudam. 70% do meu trabalho como DBA é ler, criar e executar scripts, sejam um comando SQL, shell script, um log, etc. Mas são comandos a serem executados numa sequência. E todo mundo que trabalha na área tem seu editor de texto favorito. O povo do software livre já se degladiou entre o VI e EMACS. Tem o povo do Windows que usa o Notepad++, os descolados que usam o Sublime, e tem as IDEs em Java e coisas cheias de botões. Mas para gerar scripts, um editor de texto simples (não precisa ser o ED também…) serve. No final, todos na área acabam aprendendo a usar o VI no UNIX e o Notepad++ no Windows.

O importante nisso tudo é que se utilize apenas texto puro. Nada de parágrafos, fontes diferentes, cores, etc. Texto puro. Só existem 2 coisas para se preocupar: codificação de caracteres e caractere de final de linha. Codificação hoje é mais fácil. Use UTF-8 e provavelmente você será feliz. O caracter de final de linha, varia conforme o SO. Os editores em geral podem converter o final de linha do Windows, UNIX e MAC. Nada muito preocupante. Apenas saiba para onde vai gerar seu script e grave tudo de acordo. Na dúvida evite acentos. É comum ignorar acentos mesmo em comentários.

O problema é que alguém perde dias de trabalho criando e testando scripts elaborados, com comentários, indentação, encadeamento lógico perfeito, validação de erros, etc. Mas depois de entregar tudo, o que acontece? Alguém inventa que isso tudo deverá ser copiado para um documento formal a ser entregue para o cliente. E este documento tem de ir com o logo da empresa, formatação impecável, e no final tudo vira um PDF.

O resultado é que o processador de texto (seja ele o MS Office ou o LibreOffice) vai lá e bagunça todo o seu trabalho. A indentação fica toda bagunçada, as tabulações se confundem. Caracteres como hífen viram um outro tipo de hífen, parágrafos, fontes, quebras de linha, de página e até de coluna, entram em cena.

E o pobre técnico recebe o PDF todo bagunçado e sai recortando e colando o código todo quebrado. Claro que não funciona.  É ruim para quem escreve, ruim para quem lê e ruim para quem executa. Só o chefe fica feliz. Alguns dizem que é uma questão estética, outras exigências que tem haver com normas como a tal da GMUD (Gestão de Mudanças). Há quem acredita que em PDF o documento fica protegido contra alterações (como se não fosse possível editar um PDF).

Enfim, a burocracia em geral vence. O trabalho leva muito mais tempo e você insere mais uma camada com enormes chances de introduzir erros no processo. Não vou nem começar aqui a falar em versionamento de scripts. Simplesmente use TXT puro, e seja feliz.

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